Como escolher um síndico para o seu condomínio – parte 1
Como escolher um síndico para o seu condomínio – parte 1
Em época de eleição para escolha de síndico, condôminos e moradores manifestam-se para o cargo munidos de boas intenções, o que nem sempre basta para uma gestão eficiente.
As melhores escolhas são as que obedecem a critérios bem definidos. O primeiro deles é o da imparcialidade, que determina que a escolha não deve considerar exclusivamente questões pessoais. Outros critérios, informações e premissas serão também necessários para construir um perfil dos candidatos visando a uma decisão acertada.
Esta série de artigos será uma boa leitura para balizar sua decisão. Iniciaremos pelo perfil financeiro do síndico.
A escolha sob o ponto de vista do perfil financeiro do candidato
A saúde financeira é um aspecto primordial em qualquer condomínio, por isto destacamos este tema como a primeira parte da nossa série Como escolher um síndico para o seu condomínio.
Promessas de redução dos valores das quotas condominiais são agradáveis de serem ouvidas. Porém, não tão fáceis de serem concretizadas. Muitas vezes só servem para aguçar os interesses e conquistar votos. Discursos deste tipo geralmente estão alinhados com suspensão de serviços ou uma visão muito romântica de gestão condominial. Um bom planejamento orçamentário feito por especialistas e aprovado em assembleia é a solução para este tipo de impasse. Se aprovado, não há o que se discutir.
Se o candidato for condômino ou inquilino
Deve-se avaliar o comportamento pessoal financeiro do candidato, que, provavelmente, refletirá na administração financeira do condomínio. Assim, três aspectos devem ser observados:
- Histórico de adimplência do candidato no condomínio;
- Comportamento pessoal financeiro do candidato fora do condomínio;
- Real interesse do candidato,
Histórico de adimplência: quanto mais adimplente for, por tendência, melhor ele será na condução das contas. Condôminos que pagam atrasado, mesmo por um dia, de forma recorrente prejudicam muito a execução do planejamento orçamentário. Qualquer condômino pode ter acesso a informações do condomínio na administradora, e nada impede de se checar como foram os pagamentos do candidato. É um exercício regular de direito dos condôminos já que é parte interessada.
Comportamento pessoal financeiro do candidato fora do condomínio: Pessoas inscritas nos cadastros de proteção ao crédito ou com protestos em cartório são indubitavelmente impossíveis de serem consideradas no cargo. Pode-se pedir para o candidato divulgar para o condomínio o seu Nada Consta dos órgãos de proteção ao crédito, SPC e Serasa, por exemplo.
Real interesse do candidato: É necessário avaliar se o objetivo do candidato é de fato contribuir com o condomínio ou obter uma fonte de renda. É muito comum e oportuno este tipo de situação quando o candidato encontra‑se desempregado ou vislumbra aumentar sua receita pessoal
Considere que não são bons candidatos aqueles que:
- Possui histórico de pagamentos atrasados das quotas de forma recorrente
- Tem registros de vários acordos para pagamentos de débitos
- Já chegaram a vias da cobrança judicial para quitação de débitos
- Ainda possuem acordos de débitos em andamento
- Estejam com o nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, ou protestos em cartório
Uma boa pedida seria que o próprio candidato leve para a assembleia o seu histórico de pagamentos de pelo menos um ano; um Nada Consta do SPC ou SERASA; além dos comprovantes de que não tem protestos em cartório. Se realmente for uma pessoa bem-intencionada não terá problemas com este tipo de divulgação, afinal ele deveria ser o primeiro a primar pela reputação, idoneidade e transparência do cargo.
Se o candidato não for morador
A partir do novo Código Civil o cargo de síndico pode ser ocupado por qualquer pessoa, condômina ou não, e moradora ou não. Assim, podem aparecer candidatos síndicos profissionais ou leigos. Os profissionais são os mais indicados, pois em regra trabalham bem a parte financeira e costumam nortear sua gestão neste quesito. Os leigos têm maiores chances de não alcançarem êxito, pois por não serem especialistas suas ações são baseadas de forma empírica (tentativa e erros), podendo eventualmente ter sucesso, mas com grande risco.
No caso dos síndicos profissionais, em especial, é bom investigar com o conselho fiscal dos condomínios, onde ele detém o cargo, sobre os resultados financeiros da atual gestão.
Luis Henrique Borges
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